25.9.08
Irã, Iraque e judeus nos EUA
A presença do presidente iraniano Ahmadinejad na ONU, segunda-feira (seu discurso pode ser ouvido em http://www.youtube.com/watch?v=rxSN-rIazjo), produziu uma enxurrada de protestos, inclusive numa manifestação convocada por uma coalizão de organizações judaicas em Manhattan.
Depois de uma petição assinada por mais de 20 mil pessoas, os organizadores da manifestação, que abarcou um amplo espectro político, retiraram o convite à participação da candidata a vice-presidente pelo Partido Republicano, Sarah Palin – que vem sendo apresentada pelos republicanos como mulher corajosa, bonitona, esportista, esposa leal e mãe exemplar de cinco filhos, mas está longe de ser um padrão de conhecimento quando se trata de temas internacionais...
O Irã é tema de grande preocupação na comunidade judaica norte-americana, mas não há consenso sobre os melhores meios de enfrentar o risco de que o país tenha armas nucleares, o que é visto como uma ameaça à segurança dos EUA e de Israel. De um lado, os conservadores falam em ataque preventivo, que alguns acham que pode acontecer em breve, do outro os liberais defendem a diplomacia.
Outra preocupação da comunidade é a intervenção no Iraque, uma das questões da campanha para a Presidência. O cartaz acima, que se espalha pela Internet, conclama os judeus a guardarem um lugar na agenda para um evento em novembro contra a guerra.
A manifestação de novembro é patrocinada por vários grupos do judaísmo liberal e secular, que bate forte na expansão do aparato industrial-militar e no discurso belicista. Hoje em dia, esses grupos não são mais apontados como “alternativos”, ou “esquerdistas”, já que a chamada “mainstream América” abriu-se bastante. É possível dizer que os EUA deixaram de ser, há muito tempo, aquilo que o jornalista Paulo Francis, morador de Manhattan, chamava jocosamente de FOT(Flying Over Territory, o vasto território entre Nova York e Los Angeles que, segundo ele, só merecia ser sobrevoado, pois ali faltaria vida inteligente...)