22.11.09

NEGAR O HOLOCAUSTO É COMO NEGAR A ESCRAVIDÃO NO BRASIL




Um aspecto notável da manifestação deste domingo na praia de Ipanema, contra a visita de Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, foi a presença de praticamente todas as organizações seculares judaicas do Rio de Janeiro, que vestiram sua “persona” brasileira. Sem complexo de gueto, desfraldando o símbolo verde-amarelo, a comunidade saiu às ruas em companhia de grupos gays, de direitos humanos e umbandistas, protestando contra o totalitarismo, a homofobia, a repressão à mulher e a intolerância religiosa.

O “mestre de cerimônias” Michel Gherman, coordenador acadêmico do grupo Hillel, conduziu o evento sob um sol de quase 40 graus, mantendo durante duas horas um discurso altamente inclusivo e solidário. Ele mencionou até a Revolta da Chibata, liderada pelo marujo João Cândido (o Almirante Negro), que completou 99 anos ontem. E ressaltou que a memória do Holocausto (a tragédia negada por Ahjadinejad) não é uma questão judaica, mas uma questão mundial. Dario Bialer, da ARI, o único rabino presente, reiterou a importância da democracia como regime que preserva os valores humanos.

“Lula, explica ao teu convidado o que são os direitos humanos” e “negar o Holocausto é como negar a escravidão no Brasil” foram dois dos slogans exibidos nos cartazes.

Até mesmo quando um representante islâmico disse que o Corão é generoso a ponto de “perdoar” os homossexuais, os manifestantes (cerca de mil) foram educados: ninguém vaiou! O grupo Arco-Íris não deixou de lembrar que 7 mil homossexuais foram mortos nos 30 anos de ditadura iraniana.

O pessoal sambou e cantou com o afoxé Filhos de Gandhi durante mais de uma hora, até que foram soltos balões brancos, presos numa gaiola, pintados com os valores aprisionados pelo governo do Irã (liberdade de expressão, liberdade sexual, paz, memória do holocausto).