2.1.09

A justificativa de Shavit para a "guerra justa"

Diz Ari Shavit sobre a ofensiva:

[...] Justa, porque no verão de 2005 Israel destruiu todos os assentamentos judaicos na Faixa de Gaza e retirou-se unilateralmente para a fronteira internacional. Justa porque de 2006 a 2008 a autoridade palestina na Faixa não aproveitou o fim da ocupação para construir-se e construir seu futuro e, em vez disso, repetidamente atacou Israel dentro da Linha Verde.

Justa, porque por três anos consecutivos o Estado de Israel se conteve e agiu de maneira comedida. Justa, porque nenhum país no mundo pode aceitar por um longo período uma situação em que seus cidadãos são ameaçados e sua soberania violada. Justa, porque não há chance de paz no Oriente Médio se o Estado judeu for visto como uma presa fácil sangrando na água e atraindo os tubarões.

A operação é uma campanha trágica. Trágica, porque está causando a morte de centenas e ferindo milhares. Trágica, porque está causando danos físicos e emocionais a palestinos inocentes, inclusive mulheres e crianças. Trágica, porque como toda guerra, esta cria vicissitudes humanas intoleráveis e sofrimento pungente.

Mas a tragédia advém diretamente do fato de que os palestinos não aproveitaram adequadamente a oportunidade histórica que lhes foi concedida em 2005. Advém do fato de que os palestinos usaram mal o auto-governo quando o obtiveram, pela primeira vez na sua História. E advém do fato de que a necessidade palestina de destruir Israel é ainda mais forte do que sua necessidade de construir a Palestina.

Os israelenses que odeiam Israel chamam a operação de crime de guerra. Registram os nomes da cada palestino morto, denunciam cada ação israelense e retratam seu Estado como opressor. Enquanto os egípcios afirmam que o Hamas é o principal responsável pela tragédia de Gaza, os israelenses que odeiam Israel jogam toda a responsabilidade em seu governo e nos militares. Enquanto a comunidade internacional compreende, em silêncio, que um Estado soberano tem a obrigação de proteger as vidas de seus cidadãos, os israelenses que odeiam Israel acreditam que vidas israelenses podem ser perdidas.

Enquanto os fatos básicos indicam que a violência no sul tem origem nas ações desprezíveis de uma organização extremista que transformou a Faixa num distrito do terror, os israelenses que odeiam Israel persistem em odiar seu povo e sua pátria e defendem a moralidade da agressão destrutiva do Hamas.

Ninguém está conclamando a que sejam odiados os israelenses que odeiam Israel. Ao fim de cada dia, a posição deles se mostra patética. Sua incapacidade de demonstrar compaixão pelos israelenses de Beersheva, Ashdod, Ashkelon e Sderot mostra que eles têm algum grau de crueldade. Sua incapacidade de ver os árabes que disparam foguetes como responsáveis pelas próprias ações mostra que não estão isentos de paternalismo.

A verdadeira motivação dos israelenses que odeiam Israel não é a preocupação genuína pelos palestinos, mas é, com efeito, uma forma reversa de racismo. Ao perdoar o fascismo palestino, eles não desprezam apenas os israelenses, mas também os palestinos moderados e que prezam a liberdade. Os que culpam Israel por tudo e absolvem os palestinos de tudo não servem a causa da paz nem ajudam a pôr fim à violência e à ocupação.

É possível que, após a campanha aérea inicial e a destruição dos túneis, a operação devesse ter sido suspensa. É possível que a trégua proposta pela França deva ser agora adotada, e uma chance final deva ser dada à lucidez palestina. Mas os que rejeitam o conjunto da operação estão cegos à realidade e ao fracasso moral.

Os próximos dias serão difíceis. Pode haver erros, talvez complicações, talvez até mesmo vítimas. Mas por essa mesma razão este não é o momento para uma campanha de ódio contra os líderes de Israel, seus comandantes, soldados e pilotos. Justamente o contrário. Este é o momento de fortalecer o Primeiro-Ministro Ehud Olmert, que está provando ser um líder nacional respeitado.

Este é o momento de apoiar os comandantes, soldados e pilotos que trabalham dia e noite para conduzir uma guerra difícil, complexa e inteiramente justa. Este é o momento de Israel finalmente agir como uma nação madura que se protege com sabedoria e contenção.