A repercussão positiva do artigo de Rose Esquenazi sobre o lérer Tabak, um dos criadores do Colégio Eliezer Steinbarg, confirma que ainda cabem em nossa comunidade registros de diferentes memórias, que contribuam para escrever uma História, inclusive uma petite Histoire, representativa, não "oficial" nem laudatória, com lugar para o contraditório. Isso nem sempre é fácil, pois, como dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues, o passado de 50 anos atrás às vezes parece muito mais remoto que o do século 18...
Então, foi com uma festa para os depoentes e seus familiares que o Museu Judaico anunciou a finalização das entrevistas com 70 antigos moradores judeus dos subúrbios da Central do Brasil. Para os judeus cariocas, essa foi uma área efervescente na primeira metade do século XX, com grêmios, escolas, sinagogas, milhares de famílias de imigrantes lutando para dar boa educação aos filhos. As entrevistadoras, incansáveis, foram Rachel Niskier, Ana Antabi e Isabella Waga, diretoras do Museu, cujas extensas anotações foram transcritas pelo historiador Fabio Bocco. É uma bela “viagem” pessoal e social, à disposição dos pesquisadores – viagem que começa nos guetos europeus, prossegue nas ruas calorentas junto aos trilhos da ferrovia Central do Brasil e se consolida na atual e completa inserção dos judeus na sociedade brasileira.