1.3.09

O poder da propaganda nazista




A primeira imagem é de um cartaz do filme O Judeu Errante, de 1940.
O segundo poster informa: "Ele é o culpado pela guerra" (1932).
E o terceiro: "Por trás do poder inimigo, o judeu" (1942).


Reconhecer o risco do antissemitismo faz parte de qualquer agenda judaica. Mas um mínimo de bom senso recomenda desconfiar dos exageros que beiram o absurdo – como os e-mails que garantem que a França está se tornando um país inóspito para os judeus, ou que a Europa está às vésperas de ser dominada por bandos de nazistas enlouquecidos.

Como disse Freud, às vezes um charuto é apenas um charuto; e um incidente pode ser apenas um incidente. Entender isso não significa desprezar a maré montante dos chavões que até pouco tempo atrás eram típicos da direita e do nazi-fascismo e hoje são proclamados por certos setores da esquerda. À falta de outras utopias no horizonte, tais setores afirmam com insistência a “boa nova” de que há, no glorioso porvir dos povos árabes, uma iminente revolução libertadora posta em perigo pelos....judeus. Claro, quem senão os judeus para atrapalhar a vida dos outros?

Tudo isso a propósito da didática exposição que está no Museu do Holocausto, em Washington, intitulada: “State of Deception: The Power of Nazi Propaganda” [Estado de embuste: o poder da propaganda nazista]. As caricaturas foram poderosas armas de convencimento de milhões de pessoas assombradas pela crise econômica pós-1929. Funcionaram. Se os judeus eram mesmo tão pérfidos como a propaganda nazista os mostrava, então qualquer pacato cidadão alemão ainda não convencido rapidamente poderia admitir a justeza das políticas "necessárias" para que enfim chegassem os novos tempos anunciados pelo Terceiro Reich.

O poster que culpa os judeus pela guerra, por exemplo, é de 1932, quando os nazistas estavam em ascensão e eram o segundo maior partido no parlamento alemão.

Em artigo sobre a exposição no New York Times, Edward Rothstein diz que a propaganda nazista não apenas distorceu a realidade para costurar cuidadosamente um argumento comprovando a vilania judaica; ela recriou a realidade, aproveitando antigas crenças míticas sobre o caráter não humano e assassino dos judeus e incitando, portanto, à aceitação de qualquer ato violento contra eles. Acho que nada de sequer longinquamente comparável acontece hoje, mas não custa ficarmos atentos às variadas xenofobias (e não só contra nós) que aparecem por aí.