27.8.08

Em Israel, nostalgia política de Yehoshua

Um lamento do escritor A.B.Yehoshua, um dos membros do trio de ouro da literatura contemporânea israelense (com Amós Oz e David Grossman), contra a corrupção no país foi publicado pelo jornal britânico The Guardian no início desse mês. O escritor alega que a ocupação dos territórios palestinos, em vez de ajudar Israel, contribui para criar uma sociedade em que o tecido moral e político se deteriora à medida que a justiça é desafiada de maneira permanente. A íntegra do artigo, que admite que a corrupção é um problema hoje presente em todos os países, está em http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2008/aug/10/israelandthepalestinians.middleeast
A nostalgia de Yehoshua transcende ideologias. Diz ele:

"Não acredito que a corrupção venha à tona só porque o cumprimento das leis tenha sido aprimorado, ou porque os cidadãos, como a funcionária que acusou o Presidente Katsav de assédio sexual, sejam mais corajosos. O que está vindo à tona é um mal muito mais profundo, uma perda de valores no interior da sociedade israelense e de seu governo, tal como nunca existiu antes.

Eu me lembro como, na década de 1970, um ministro do Partido Trabalhista tirou a própria vida quando considerado suspeito de corrupção. Foi também isso o que fez o diretor de um grande banco, um economista brilhante, quando recaiu sobre ele a suspeita de crimes financeiros.

Ao falecer, tudo o que Pinchas Sapir, ministro das finanças da Primeira-Ministra Golda Meir, possuía era um modesto apartamento em Tel Aviv e uma pequena poupança. David Ben Gurion, fundador de Israel e sua personalidade política mais proeminente, morou durante os últimos 11 anos de sua vida numa pequena casa de madeira no kibutz Sde Boker, no deserto. Hoje, a extrema modéstia daquela casa ainda surpreende os visitantes.

O ex-Primeiro Ministro Menachem Begin também viveu até morrer num apartamento simples em Tel Aviv. Jamais a menor sombra de suspeita de corrupção perturbou sua paz
."