27.8.08

Voto judeu nos EUA


O voto judeu nos EUA não é uniforme, mas pende para o Partido Democrata desde a década de 1930. George W. Bush obteve 24% dos votos judeus na eleição presidencial de 2004, contra 76% dos votos dados ao democrata John Kerry. Quatro anos antes, Al Gore tinha obtido 79% do voto judeu. Mesmo depois da segunda Intifada, do 11 de setembro e da invasão do Iraque, a tendência se manteve. O que indica, segundo especialistas, que a comunidade judaica norte-americana não tem uma posição monolítica em relação ao Oriente Médio e tampouco vê a política externa como principal motivação na hora de votar.

Em artigo para o site
http://www.realclearpolitics.com/ ,
o cientista político Pierre Atlas lembra que a última pesquisa de opinião pública do American Jewish Committee, em novembro do ano passado, indicou que 46% dos judeus norte-americanos apoiavam a criação de um Estado palestino, 43% se opunham a ele e 12% não tinham opinião formada.

Agora, Barack Obama vem recebendo apoio de uma gama ampla do judaísmo norte-americano, da centro-direita à esquerda, como se vê em sites como o http://www.JewsForObama.com/ . Mas ainda não chega perto dos antecessores, sendo apoiado por cerca de 62% do voto judeu. Quanto mais velho o eleitor, menos tende a votar no candidato, por motivos que vão da raça à suposta pouca experiência dele. Obama é elogiado pelo site como um político cujo currículo combina com as expectativas da comunidade judaica, “que sempre manteve o envolvimento cívico em prol da melhoria do país e do conserto do mundo”.

Segundo o site, as “posições de Barack Obama sobre justiça social, direitos civis, meio-ambiente, imigração e apoio aos desfavorecidos refletem verdadeiramente os valores judaicos. Ao longo de toda a sua carreira, ele foi um forte defensor de Israel e se manifestou repetidamente contra o anti-semitismo”.

A aclamação de Obama, na convenção democrata de quinta-feira à noite, deixou os antigos militantes pelos direitos civis nos EUA em estado de euforia. Na mesma data, 45 anos antes, ocorreu a marcha em que Martin Luther King fez seu famoso discurso "Eu tenho um sonho". Um dos organizadores da marcha lembrava para os jornalistas que, na época, teve que se sentar na parte de trás de um ônibus ao cruzar o rio Potomac para ir de Washington D.C. ao Estado da Virgínia, pois ainda vigoravam as leis segregacionistas no sul do país.

Outra lembrança: na convenção democrata de 1948 para escolha do candidato à Presidência, o Senador Strom Thurmond liderou um ruidosa retirada de políticos sulistas do Partido Democrata em protesto contra o incipiente apoio da ala liberal do partido aos direitos civis e à dessegregação e deplorou o “risco” de ver brancos compartilhando teatros, piscinas e igrejas com negros. A elite sulista também não aceitava judeus nos seus clubes...