17.8.09

Mein Kampf deve ser publicada com anotações?

A campanha para republicar, com comentários acadêmicos, Mein Kampf, ganhou semana passada um aliado inesperado: o Conselho Central dos Judeus da Alemanha. O livro foi banido depois da Segunda Guerra, e os direitos de publicação pertencem (até 2015) ao Estado da Baviera, que não concorda em abrir mão deles sob o argumento de que o conteúdo seria usado pela extrema-direita. Mas os defensores da publicação afirmam que uma edição crítica, cuidadosamente anotada, permitirá que a próxima geração aprenda o que era a ideologia nazista – até porque versões do livro já circulam livremente pela internet, sem qualquer contextualização.

O professor David Bankier, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa do Holocausto do Yad Vashem, também concorda com a edição acadêmica, segundo entrevista ao jornal israelense Haaretz. Outro que concorda é Ian Kershaw, historiador britânico e biógrafo de Hitler, para o qual a divulgação via Internet vem abalando o conceito de censura. A primeira edição do livro foi publicada em 1925. Alguns países – como Alemanha, Áustria e Holanda – proíbem sua publicação, mas outros, inclusive Estados Unidos, a permitem.

Mein Kampf chegou a ser vendido através da Amazon, mas protestos do Centro Simon Wiesenthal obrigaram a empresa a retirar a oferta da rede. Em Israel, a obra pode ser encontrada em algumas bibliotecas de universidades.