29.8.09

Questões genéticas

Ao contrário dos judeus ashkenazim, que durante séculos foram um grupo relativamente homogêneo, herdando uma série de doenças genéticas raras, os sefaradim não têm doenças genéticas específicas mas "nacionais", conforme seu local de origem – é o que diz a seção especial de genética/ 2009 do site judaico http://www.forward.com/ .

Os marroquinos são geneticamente diferentes dos tunisinos ou dos argelinos, por exemplo. Aliás, a referência a sefaradim, nesse caso, abrange um amplo espectro populacional que se estende dos Bálcãs ao norte da África: pois embora a palavra sefaradi originalmente se referisse aos judeus forçados a sair da Península Ibérica pela Inquisição, com o tempo passou a ser utilizada livremente para classificar os não ashkenazim.

Existem em Israel listas separadas de doenças genéticas conforme a região dos ancestrais, embora haja patologias comuns. Entre os descendentes de norte-africanos, muitos são portadores do gene que produz a beta-talassemia, um tipo de anemia (originalmente, era um gene vantajoso para o portador, pois dava alguma proteção contra a malária, endêmica no norte da África). Saber disso permite a adoção de medidas paliativas quando surgem doenças que durante muitos anos ficaram sem diagnóstico.

Outros grupos judaicos específicos, que durante séculos viveram intramuros, fechados em termos reprodutivos, são atualmente objeto de interesse médico: o Instituto de Genética Médica do Cedars-Sinai Medical Center de Los Angeles lançou em julho um programa de rastreamento de quatro doenças compartilhadas por judeus iranianos e seus descendentes (o Persian Jewish Genetic Screening Program). A maior parte da comunidade judaica radicada no Irã (e que vivia na Pérsia desde o século 6 a.C.) emigrou após 1948, sobretudo para Israel e EUA.

O mal genético que mais afeta os ashkenazim ainda é a doença de Gaucher, deficiência enzimática que produz sintomas como aumento do fígado, anemia, sangramento nasal e dores ósseas. Segundo o laboratório Genzyme, que produziu a primeira droga para a doença, esta afeta cerca de 10 mil pessoas no mundo. Na população em geral, uma pessoa em cem tem o gene; entre os ashkenazim, o índice é de 1/15 (mas ser portador do gene não é sinônimo de desenvolver a patologia; para transmiti-la é preciso que ambos os genitores possuam o gene, detectável por exame de sangue ou saliva).