30.6.10

Orgulho judaico


Nos EUA, circulam milhares de carros com placas personalizadas, inclusive em idish e hebraico. Tem gente que até coleciona fotos delas. Veja mais clicando em  PLACAS, site do San Diego Jewish World. A palavra acima quer dizer "gente" (ser humano "do bem"), as duas abaixo significam "ousadia" e "vovó", e Shalom todo mundo  sabe o que é...





24.6.10

Cabaré Canja Only Yuch

Brasil ganhou no jogo ? - Yuch para celebrar e para a ressaca!
Brasil perdeu ? (quase impossível) - Yuch para curar as tristezas

A milenar canja de galinha judaica, receita inesquecível, estará no palco do Teatro Candido Mendes no dia 28 de junho, a partir das 19h30m, em tempo real, servida a quem comparecer ao Cabaré Canja Only Yuch, montagem cujo título brinca com a música eternizada pelos The Platters nos anos 50.

Participam do espetáculo o engenheiro, inventor e oboísta Leo Fuks (criador de uma incrível e maravilhosa “orquestra” de bicicletas, a Cyclophonica), o ator Sergio Stern e o violonista e compositor Eduardo Camenietzki.

23.6.10

Feilhaber, menino do Rio


Carioca, 25 anos e torcedor do Botafogo, Benny Feilhaber já mereceu campanha da torcida alvinegra na internet para que o contratassem. O rapaz, que atuou no Hamburgo e agora está no AGF Aarhus, da Dinamarca, é um dos três jogadores judeus no time dos EUA que disputa a Copa do Mundo na África do Sul e toda vez que vem ao Rio joga futebol no Centro Adolfo Bloch, na Barra da Tijuca. 

Benny tinha seis anos quando se mudou para os EUA devido ao trabalho do pai, Alberto, na Petrobras. Aliás, este também é um craque no gramado, garante o avô paterno, Friedrich Feilhaber, engenheiro aposentado que vive no Leblon e é fã de futebol. Ele chegou ao Brasil em 1939, aos 14 anos, e logo virou botafoguense. Encantou-se com o time (que perdeu!) durante um jogo contra o Fluminense, quando era apenas um imigrante recém-vindo de Viena com a mãe e o pai, advogado, fugindo das restrições impostas aos judeus na Áustria.

A família aportara no Rio de passagem para o Paraguai, mas acabou conseguindo o desejado visto para ficar. Friedrich se formou na Escola Nacional de Engenharia em 1947 e atuou principalmente na área de telefonia, além de ter trabalhado por dez anos na Alemanha. Os dois filhos também são engenheiros bem sucedidos e Benny, um dos quatro netos, cursou Engenharia na Califórnia, mas interrompeu a faculdade para se profissionalizar como jogador.

Benny Feilhaber disputou a Copa América de 2007, na Venezuela, depois de ter feito o gol da vitoria de sua seleção sobre o México na final da Copa Ouro no mesmo ano. Também disputou os Jogos Olímpicos de Verão de 2008, com o time sub-23 dos Estados Unidos, em Pequim. Em 2009, esteve na Copa das Confederações, na África do Sul.

Presente de Franco para Hitler

A ditadura franquista ordenou aos governadores das províncias espanholas, em 1941, que elaborassem uma lista dos judeus que viviam no país (cerca de 6 mil), e a entregou ao regime nazista para que a incluísse nos seus planos de solução final. A história da colaboração foi publicada domingo en detalhes pelo jornal El País. Clique AQUI para ler (em espanhol).                                                       

A Espanha flertou com o Eixo, mas acabou não aderindo. Quando a Alemanha perdeu a guerra, muitos dos indícios da colaboração foram apagados e Franco divulgou que havia contribuído para salvar milhares de judeus sefaradis do nazismo, tendo até recebido agradecimentos do governo israelense.

A ordem, expedida pela Dirección General de Seguridad, ficou oculta durante décadas e veio à tona porque o jornalista Jacobo Israel Garzón teve acesso a um documento guardado no Arquivo Histórico Nacional e o publicou na revista Raíces. Nela, eram solicitadas informações sobre "los israelitas nacionales y extranjeros afincados en esa provincia (...) indicando su filiación personal y político-social, medios de vida, actividades comerciales, situación actual, grado de peligrosidad, conceptuación policial".

Divergências em Jerusalém

De Ehud Barak, 68 anos, Ministro da Defesa de Israel, sobre o projeto da prefeitura de Jerusalém de demolir 22 casas de famílias palestinas na parte oriental da cidade, anexada desde 1967: “não é a primeira vez que [as autoridades municipais] demonstram falta de bom senso e de timing” (Barak é o único ministro de centro no atual gabinete israelense, direitista).


Local onde a prefeitura de Jerusalém quer construir um parque

De Shimon Peres, 86 anos, presidente de Israel, em entrevista ao jornal Los Angeles Times:

[ sobre o declínio, que a muitos parece definitivo, do Partido Trabalhista e da esquerda israelense]

" Esse é um julgamento precipitado. Em outros países, a diferença entre esquerda e direita é econômica e social. Em Israel, tinha sido “dois Estados” [a posição da esquerda] ou “um Estado” [a posição da direita]. Acontece que a direita adotou o lema da esquerda [ apoiando um Estado palestino] e isso confundiu a diferença. De modo que a esquerda acha que venceu ideologicamente, mas não está vencendo politicamente".

E, na mesma entrevista: “Eu costumava ser o mais controvertido [líder]. Hoje, sou o mais popular. Não sei o que me fez mais feliz, realmente não sei. Gosto do confronto. Não acho que líderes devam agradar, eles devem conduzir. Ser líder não é estar por cima, ser líder é estar à frente”.

Reflexões a calar

Nem toda reflexão deve ser dita, nem toda palavra deve ser escrita, nem todo escrito deve ser impresso – cito o rabino Menahem Mendel de Kotzk (1787-1859; líder de uma dinastia hassídica) para explicar o silêncio do blog sobre os recentes acontecimentos em Israel. Em meio a tantas análises, e a tantas reações passionais, lembro aos amigos que este espaço não é "pessoal" stricto sensu, por ser veiculado por uma instituição cultural cuja diretoria abriga, como é de praxe nas democracias ocidentais (ufa, que alívio!!), distintas tendências ideológicas e práticas judaicas.

E aí vai outra citação, imperdível, do mesmo rabino de Kotzk, repetida por autores variados, pois toca em identidade e reconhecimento, questões profundas e mal resolvidas. Eu a li recentemente na peça Art, da francesa Yasmine Reza, e num texto do rabino Nilton Bonder, e está em várias línguas e contextos na internet.

Se eu sou eu porque eu sou eu, e se você é você porque você é você, então eu sou eu e você é você (e podemos dialogar). Se, porém, eu sou eu porque você é você, e se você é você porque eu sou eu, então eu não sou eu e você não é você (e não há possibilidade de entendimento).




Amsterdam contra o antissemitismo

[ Purim na sinagoga de Amsterdam, 2007 ]

O prefeito de Amsterdam, Lodewijk Asscher, vai colocar nas ruas policiais disfarçados de judeus ortodoxos, para identificar antissemitas que podem se tornar violentos. Segundo notícia do jornal inglês Daily Telegraph, que cita a mídia holandesa, a decisão foi tomada depois que aumentaram os incidentes em que judeus usando quipás têm sido alvo de xingamentos, ameaças e cusparadas. 

Um filme feito recentemente por uma empresa privada judaica mostra jovens fazendo a saudação nazista e gritando com um rabino em distintos pontos da cidade.

A prefeitura não está inovando: policiais holandeses disfarçados/as de prostitutas, homossexuais e idosos já coibem agressões e assaltos em áreas como o distrito da "luz vermelha". 

17.6.10

Os judeus não inventaram a agulha que faz esquecer - por Eva Spitz*

Entre os bons filmes que tratam de questões relativas aos judeus, mas pertinentes a qualquer pessoa, está em cartaz Mary and Max, dirigido e roteirizado por Adam Elliot, em que um sujeito totalmente solitário, novaiorquino de 44 anos, judeu, órfão de mãe suicida, sem pai, auto-estima no dedão do pé, comedor de chocolate compulsivo, catador de guimbas de cigarro na rua, que à medida que envelhece cresce para os lados, se depara com a sua alma gêmea, do outro lado do planeta, via correspondência...

Detalhe, o filme é um desenho animado em que os dois personagens são criados a partir de massinhas, e vivem numa realidade marrom, um,  numa realidade em preto e branco, outro. Diferença de idade: 36 anos. Êpa, não se trata de pedofilia... Algo muito mais profundo, da ordem da solidão e dos maus tratos da infância, os une.... Mary, australiana cuja mãe é repulsiva e alcoólatra e o pai, um operário rude e simplório, tem como único amigo um galo. Já Max é adulto, mora do outro lado do planeta e "gostaria de morar na Lua, para não ter contato com as pessoas".

Ela é uma menina triste, escorraçada na escola, cercada de pessoas falidas mas jovem o bastante para que o seu caminho repentinamente se abra, graças a uma carta que escreve aleatoriamente e vai parar na casa do Max...A nascente e inusitada amizade virtual com o judeu detonado, devorado pela culpa de não conseguir ser quem ele gostaria de ser, a leva a crescer e se tornar alguém que pode escrever um livro, ter um filho.....Para Max, as cartas de Mary são um alento, mas nada o livra da culpa e dos fatos arrasadores do seu passado que minaram o seu caminho....

.....Saio desse filme e vou ver Mother, A busca da verdade, do cineasta sul-coreano Bong Joon-ho, que já assinou outras obras primas (O Hospedeiro e Memórias de um assassino). O filme gira em torno de uma mulher que busca incansavelmente descobrir o homem que incriminou seu filho por um crime. Ela exerce a acupuntura não oficialmente nos becos de uma Coréia que não estamos acostumados a ver na televisão, pobre e desumana.

Essa mulher tem uma técnica infalível para se livrar da dor, da culpa, dos erros. Ela descobriu uma agulhada infalível, na coxa, que ajuda a pessoa a esquecer tudo de ruim que lhe tenha acontecido. Essa mãe devotada que quer proteger o filho, considerado por ela e pelos demais um retardado, tenta livrá-lo desesperadamente de uma acusação de assassinato, mas seu amor acaba se revelando um amor doentio capaz de matar e matar....amar e amar....tão pungentemente real...

Qual a ligação com o filme do judeu Max? Me ocorreu que os judeus – como o Max do filme – deveriam aprender a aplicar a tal agulha.... De fato, não conhecemos esta agulha que faz esquecer. Podíamos até comercializá-la. Seria com certeza “um bom negócio”.

* Eva Spitz é jornalista e assessora de comunicação.